terça-feira, outubro 31, 2006

Sessão Curta #01

Fiquei com tanta vontade de testar este recurso que acabei passando por cima da linha de raciocínio das minhas postagens!
Gostei deste curta porque pode levantar muitas reflexões.
Não tem a ver com o que escrevi até agora (ok, tem a ver um pouco com o título do blog), mas espero que gostem. É pra clicar abaixo:


And time goes by...

O fim-de-semana não foi dos melhores. Não, o namoro tá ótimo. Mas tive que estagiar. Ô dia estranho aquele! Chuta que é macumba!
E foi assim que fiquei meio down... pensando na vida, em um monte de coisas. No domingo eu estava estourado, não queria fazer nada. Mas era por desânimo mesmo.
No dia seguinte fiz uma coisa e espero pelas conseqüências. Por outro lado, tô pouco importando-me com as conseqüências do que não fiz (ah, sim! Elas existem!)
Eu estava meio ruim até há pouco, mas aí eu fui papear com meu namorado. Ele, de folga. Eu, com uma baita preguiça! Melhorei na hora!

Puxa, penei para acertar a formatação do link!
...

Acabarei quebrando a harmonia que imaginara para o blog.
Mas é que curto demais quebrar a rotina, romper com os padrões!
...
Mamãe tá dodói, preciso cuidar dela.

Nem sei por que tô escrevendo isso! (?!?!)

domingo, outubro 29, 2006

Descobertas solitárias

Depois da minha primeira experiência passaram mais de seis meses até que eu procurasse novamente outra aventura homossexual. Era fácil manter-me assim, já que eu não tinha amigos gays. De fato, não havia mais nenhum melhor amigo, como escrevera em post anterior.
Foi bom passar um tempo dedicando-me somente aos estudos. O ano letivo que se seguira fora um inferno acadêmico! Que era aquilo, meu? Quanto mais se estudava, mais havia para estudar, e o tempo era minguado demais!
Para piorar, minha consciência estava para me matar! Aconteceu que quando transei com o vendedor da loja, não usara camisinha. Ele até falou: "Não se preocupe, sou doador de sangue e não uso drogas." Mesmo assim fiquei preocupado com minha irresponsabilidade. Os meses em que eu esperei para fazer o exame não passavam! Depois do tempo da que é conhecida como "janela imunológica", fui. Estava tudo bem! Ufa! Mas até hoje sou meio paranóico com isso e desde então uso preservativos direto!
Voltando ao que eu contava...
Como era de se esperar, não foi um ano muito intenso. (Ah, quem tô querendo enganar!) Tudo bem, deu tempo para estudar, quebrar a cara nas provas, conseguir nota melhor para evitar a reprovação e descobrir mais fatos sobre eu mesmo.
As chances de que o acontecido repetisse eram remotas. Então parti para outros meios: "chat" de celular (isso é horrível, não recomendo), e internet. Pelo celular só conheci gente que ajudou-me a enxergar as coisas mais claramente. Não rolava nada, e isso era bom no momento. Eu nunca havia gostado de ninguém, menino ou menina, e eu procurava dificultar isso. Descobri que eu poderia ser muito seguro e discreto, já que antes eu era muito nervoso; e que eu poderia ser bem direto e convecer os caras que ia conhecendo das minhas intenções.
As pessoas que passaram na minha vida adicionaram muito, principalmente em relação a como eu via a mim mesmo. Não que eu falasse de mim, detestava isso. Mas só o fato de conversar com outros caras sabendo que algo poderia rolar ali mudou a forma como eu via a mim mesmo de um jeito impressionante!
Demorou até que eu usasse a internet. Afinal, gastar meu parco dinheiro em cyber para outras coisas que não pesquisar para trabalhos era um desperdício. Bom, isso até eu convencer-me que poderia dedicar alguns minutos nos fins-de-semana.
Descobri pela internet um pouco dos lados colorido e cinzento do mundo gay, através de relatos. Vi como todos sofriam com isto como eu, e como os "finais" podem ser bastante diferentes, assim como as pessoas. E conheci algumas outras pessoas. No final acabei conhecendo mesmo poucos. Acabei saindo com um. Era bem melhor que o primeiro de cabeça. Era inteligente e ambicioso. Digo, não que ele quisesse algo grande, mas era grande o suficiente em sua desejada carreira.
Não sei dizer se namoramos. Àquela altura eu havia chegado à conclusão de que se eu conhecesse poucos caras como eu, seria mais seguro, mais difícil de outros descobrirem. Por outro lado, eu já estava mais "atirado" e dava em cima mesmo do cara. E outra: queria sentir na pele se existia estabilidade em um relacionamento com outro homem. Sem falar do meu medo enorme de contrair alguma doença.
Não deu tempo de descobrir. Apesar de ele ser do tipo "para namorar", de alguma forma a gente não dava certo. Não havia cumplicidade. Não deu certo.
Eu poderia não ter amigos, mas naquele ano pude ter bons colegas, gente muito boa com a qual tive a chance de aproximar-me. Gente que se estimulava a estudar mais e melhor. Poderiam ser ótimos amigos. E minha família agüentou meus "estresses" e até quando achei que não conseguiria mais na faculdade. Mas, se o preço a pagar para ter uma vida boa com essas pessoas era manter escondido meu outro lado, então estava disposto a isto.


Não consigo mesmo exercer minha capacidade de síntese!
Mas nem sei se tem jeito, ainda. E ainda adicionei a parte sobre o preservativo, graças ao ToLegal, que veio por aqui e, ao ler um post dele, tive a certeza da importância deste assunto.
Galera, protejam-se sempre!

quarta-feira, outubro 25, 2006

O acaso existe? - parte 2

Voltei lá, com a desculpa da promoção, dias depois. Ele notavelmente gostou de ver-me. Terminou de atender uma cliente, e logo deu todas as atenções a mim. Conversamos um bom tempo, sobre um monte de coisas, música, lazer, vida. Eu estava tranqüilo. Era uma conversa normal. Ficara tarde e eu precisava ir. Ele: "Deixa eu te dar o número do celular, pra que a gente marque de sair e converse mais". Trocamos os números e fui embora, agora já um pouco amigo dele.
E agora? Até onde isso poderia chegar? Era só impressão minha ou tinha algo no ar? Só havia um jeito de saber!
Liguei no fim-de-semana. "Puxa, que legal! Pensei que você não fosse ligar". Por que ele fez esse comentário? "Tá certo. Saio tal hora. Vamos sair depois, combinado?" Era o que eu queria, então combinamos e apareci lá uns minutos atrasados. "Tudo bem, vamos andar por aqui até chegarmos no local tal". Conversamos e o tempo passou. O cara era cheio de mistérios quando telefonavam para ele. Aí, certa hora, de repente convidou-me a ir à casa dele. "Lá é legal". "Sei, conheço o condimínio". Totalmente desconfiado, aceitei o convite.
Ele não perdia tempo. Chegando lá, logo disse para eu ficar à vontade. Só estávamos nós lá (espertinho!). Mostrou-me seu lar, até o quarto, onde disse que estava com muito calor e sem cerimônia começou a trocar de roupa na minha frente! "Vou tomar água, tá quente mesmo!" E fui pra sala. O cara ficou com um short curtinho e assim pude ver o corpo dele. Não era musculoso, muito menos magro; era definido naturalmente de uma forma extremamente atraente. Mesmo assim, eu ainda olhava discretamente, porém ele queria era mostrar-se. Veio com uma conversa mole de que eu tinha muitos sinais nos braços e ele poucos no corpo, um na barriga, outro nas costas, quase nenhum nas pernas!
Confesso que nesse momento meu superego deu um berro bem alto. O que eu estava fazendo ali com um estranho, num lugar estranho e com uma intimidade estranha? Eu poderia estar correndo risco! Quis sair correndo de lá, mas a curiosidade foi maior.
Ele ligou a televisão com uma conversa de que assistiríamos a um filme em DVD. Logo depois, ele desligou. "Está chato." Sentou do meu lado, e eu fiquei na minha, em atitude de defesa. "O ventilador não parece estar indo na sua direção". Para ajeitar o tal ventilador, ele praticamente jogou o corpo em cima de mim. Fiquei estático. Ele notavelmente ficou impaciente. O assunto tava acabando. Ele puxou assunto de namoro, perguntou umas coisas que não lembro, mas não eram compremetedoras. Ele tentava se aproximar mais (como se fosse possível). Então: "Algém já te roubou um beijo?". "Não." (Verdade). "E se alguém te roubasse um beijo, como reagiria?" "Não sei, depende da pessoa." "Você reagiria mal?" "Acho que não." Aí ele mudou de assunto, tentando distrair-me. Acho que conseguiu, pois eu fiquei surpreso com o beijo que ele roubou de mim, contudo eu devolvi com igual entusiasmo.
Ele ficou mais feliz! Sentia-me estranho, despersonalizado, como se eu fosse sair do meu próprio corpo a qualquer momento. Mesmo assim, deixei-me levar. "Ah, sou mais velho do que te disse antes, pois estava com medo de que você não me aceitasse". Ele era dez anos mais velho. "Não tem problema, isso não importa agora." Eu estava com 19. Levou-me ao quarto, onde foi tirando minha roupa. Puxa, logo de primeira? Fui na onda. A gente não chegou a fazer tudo o que dois homens fazem na cama. Está bom, posso dizer que tudo foram beijos e uso intenso das mãos! (sou péssimo em descrever essas coisas). Ele já sabia que era a primeira vez que eu estava com outro homem.
Ele também teve medo. "Eu não costumo sair assim como eu saí com você. Nem trazer estranhos à minha casa. Ainda bem que você é uma pessoa legal." Ele também disse que não tinha percebido que eu olhava pra ele antes. Fui para casa bem tarde, e quando cheguei ainda me sentia como se eu não fosse eu!
Ficamos de rolo por cerca de um mês, e deu para fazermos mais coisas na cama! Teve uma parte ruim, mas pulo essa! Depois descobri que o cara era só mentiras, que ele morava com uma mulher muito bonita, que não poderíamos ter nenhuma relação, que ficaríamos daquele jeito. Ficou claro que ele queria mais. Mas eu não queria correr tantos riscos, ser pego com ele. E também estávamos em fases da vida muito diferentes. Ele mesmo disse parecer eu saber mais o que queria da vida que ele. E sumi da vida dele. Sorte a minha que não cheguei a gostar dele e vice-versa.
Admito que foi ótimo saber que um homem bonito poderia ficar interessado por mim. Mas eu precisava encontrar algo melhor, ou no mínimo coisa menos complicada.

E aí? Eu já li sobre esses encontros meio que "por acaso". O que vocês acham disso? Já aconteceu com vocês? Alguém ou vocês mesmo arriscarem-se sem ter a certeza de que o outro gosta de homens? Aconteceu comigo novamente. Pretendo contar depois.
E arriscar a própria segurança pelo desejo? Confesso que depois dessa primeira experiência continuei não sendo cuidadoso, mas aprendi com o tempo.

Prometi a mim mesmo que um dia coloco posts pequenos. Meu fracassado antigo blog era assim: posts pequenos. Também era sem comentários! Huhauahua!
Agradeço as visitas e comentários!

sábado, outubro 21, 2006

O acaso existe?

"Assim é o homem. Busca seu par - amoroso, toxicômano, homossexual - conforme suas necessidades, seus anseios, seus planos. E a busca é totalmente inconsciente. E com isso vai condicionando os acontecimentos. Porque tudo existe na vida, ao nosso redor, à nossa disposição, havendo pessoas que nós nem notamos e muito menos nos unimos a elas, pessoas que nos passas completamente despercebidas; e outras que para nós ganham significação logo aos primeiros contatos. Somos permanentes selecionadores, ainda que sem consciência disso. Seletivamente vamos urdindo nosso mundo presente e futuro, nosso mundo povoado de gente e de valores, bem como o nosso ambiente físico também. Condicionamos, assim, uma vida insalubre, freqüentamos gente e lugares morbígenos. Engedramos em nós mesmos rotinas que danificam nossas vidas. E - felizmente! - também freqüentamos gente e ambientes sadios. A predominância, a proporção de uma e outra direção, sempre com características próprias, com arranjos eminentemente pessoais, varia para cada ser humano".
(PERESTRELLO. A Medicina da Pessoa. 1989:73)


Eu achava esse texto uma baboseira. Até que certos fatos não mais o tirou da minha cabeça.


Foi numa loja de uma rua movimentada da cidade. Eu havia ido lá umas três vezes em dez dias já que eu estava comprando freqüentemente coisas novas para mim. E também não havia deixado de notar um atendente bonito que trabalhava por lá. Eu nunca havia falado com ele, só olhado. E olhar não fazia mal, pensava. Afinal de contas, eu já tinha decido a fazer o que me desse vontade, e eu tinha vontade de olhar.
O cara era realmente atraente para mim. Era mais velho, o quanto eu não sabia. Tudo que lembro até então eram trocas de olhares acidentais, sem fitar ou interesses confessos.
Só que eu não era o único a olhar. Um dia o cara inevitavelmente foi atender-me. Eu não fazia questão, nada fazia com que algo pudesse sair dali. Engano meu. Fiz perguntas sobre o preço do produto e agradeci com um sorriso gentil. Ele segurou-me pelo braço: "Você não quer fazer um cadastro promocional?". Eu não esperava por aquilo. "Tá, tudo bem." À medida que ele ia preenchendo o cadastro, fazia comentários: "Você torce pra esse time? Legal." "Puxa, você mora neste mesmo bairro." Até que: "Você vem sempre por aqui, né? Eu sempre te vejo comprando aqui." "Sempre?!", eu pensei, mas respondi: "É... eu compro aqui." Eu já estava desconfiado, fiquei até com medo do cara ser de uma quadrilha de assaltantes! Ele disse: "Aparece nos dias tais, para saber da promoção". Eu: "Tá certo. Obrigado".
Saindo de lá, perguntei a mim mesmo: "Será?" Meu radar estava novinho em folha, eu não tinha certeza do que havia acontecido ali. O cara nunca me pegou olhando pra ele e vice-versa. Nem eu notara ninguém que percebera. Se existia um cara discreto e medroso, era eu. E então, o que era aquilo? Só uma forma de saber: era a minha vez!

Continua.

terça-feira, outubro 17, 2006

Amizade e liberdade

Você já se sentiu tão amigo de alguém a ponto de sentir a necessidade de contar tudo da sua vida e de seus sentimentos, mesmo porque a recíproca é verdadeira?
Pensei nisso ao desistir de ótimas amizades quando quis "libertar-me", ou seja, fazer tudo o que me desse vontade de fazer.
Estava no terceiro ano e tinha dois melhores amigos. Bom isso. Foi um ano de "altos", principalmente na área acadêmica. Mas internamente eu pareceria explodir, de saco cheio e cansado de ser bonzinho, pois parecia não valer a pena. Tentar ser legal com todo mundo só atraía o desprezo geral. Explicação: descobri depois que aquele ser repugnante só espalhava que eu queria aparecer e ser melhor que todo mundo, e eu não enfrentei (hoje sei que foi o melhor a fazer).
Eu sabia muita coisa desses melhores amigos, porém não contava nada de mim, digo, eles mal sabiam o que se passava na minha cabeça, eu não contava. Isso foi problema para um; e outro, não.
Um era da faculdade e outro tinha ligações com a turma do fim-de-semana. Acabou que todo mundo se envolveu na turma do fim-de-semana. Era bom, no geral era uma galera do bem. Mas, lógico, éramos um trio à parte e, sinceramente, só nós agüentávamos a esquisitice de um de nós (o de fora da facu).
Ano estranho, onde eu, em vez de cair na deprê como todo ano até então, resolvi rebelar-me e tomar uma atitude.
As idéias na minha cabeça colocaram-me a uma distância perigosa desses amigos, longe o suficiente para não ver seus problemas e ajudá-los como sempre gostava de fazer. O da faculdade afastou-se primeiro, estranhamente. Aparentemente ele tinha outras idéias em mente, no momento em que comecei a voltar a ser um pouco do CDF que me colocou na universidade. Preferi não tocar no assunto.
Com um melhor amigo a menos achei mais fácil colocar em prática o que havia-me proposto. Nas férias disse para mim mesmo que dali em diante eu faria o que realmente desse na cabeça e veria até onde isso chegava.
Algum tempo depois experimentei o que era ficar com um cara. Chato foi tentar manter essa vida dupla (ou já seria tripla?). Não tinha mais assunto para conversar com meu amigo, eu só ouvia, sem ter mais o que falar quando ele choramingava seus problemas.
O fim da amizade que sobrou foi mais dramático. O cara meteu galho na cabeça da namorada, e ela veio perguntar se era verdade para quem? Pro babaca aqui. Eu tentei salvar a pele do indivíduo, mas bem na hora chega uma amiga e desmente toda a mentira que eu estava apenas começando a contar. Sem saída e com a cara no chão, fiquei calado. Pior: ele pensou que fora eu quem contara a verdade. Desmentir, para quê? No fundo era o que eu queria.
...
Amigo da faculdade, já no final do ano: "Sabe amigo, você precisa confiar mais nas pessoas". "Eu sei". Será que isso foi um dos motivos do afastamento?
Mas isso foi só um detalhe!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Desculpas esfarrapadas para motivos ocultos

Nem tudo são flores... mas também não precisava que fosse tudo espinhos!
A transição de escola para faculdade é penosa . Ainda mais quando você se sente um estranho, inadaptado, um odd-man-out. Isso foi amenizado à medida que fui conhecendo pessoas legais, com as quais montei um grupo de trabalhos e fomos bem-sucedidos, pois todos trabalhavam com interesse... bom, nem todos, mas sempre estendíamos a mão e dávamos um puxão! Pena que estes só se revelaram mais amigos depois de quatro anos, quando então fomos pulverizados e distribuídos entre os diversos estágios pela cidade.
Enquanto os quatro anos não passaram...
Já havia conquistado um certo status, além de maior independência por causa da minha nova condição de universitário. Talvez isso tenha ajudado a fazer com que meu conflito crescesse dentro de mim. Não que eu fosse totalmente preso, eu saía bastante sozinho, só que eu estava tão obcecado em passar no vestiba, que meu itinerário era escola-casa ou cursinho-casa. Ah, também tinha o casa-igreja. Conclui-se que, depois de entrar na universidade, pensei mais em mim mesmo.
Agora voltemos aos espinhos.
As pessoais legais que conheci não eram suficientes para tirar a insatisfação e decepção que eu estava sentindo em relação à faculdade. Para piorar, ainda arrumei "desafetos" por lá. Sem querer identificar gênero, posso resumir que, por motivos ignorados (acredito que seja simplesmente por termos personalidades opostas e incompatíveis), tive que engolir a maior enxurrada de fofocas e falatórios da minha vida, com direito a jogar pessoas contra mim e interferir com a minha vida social de "fim-de-semana" (a melhor que eu tinha então). Eu tive gente que ficou do meu lado. Ainda bem, porque isso perdurou pelos anos seguintes.
Acontece que isso continuou acontecendo até a época em que resolvi saber até onde eu seria capaz de chegar, e todo o turbilhão que entorpecia minha consciência causou uma mudança de temperamento, finalmente me tornasse fechado e afastasse os amigos.
E daí? Para quem conhece essa história de "perseguição", eu a conto como motivo para a mudança mais brusca da minha, em direção ao desconhecido. Mal sabem que a história é essa.
Também não faltaram desculpas esfarrapadas para os melhores amigos...

quinta-feira, outubro 12, 2006

Dupla vida?

Acho que sempre tive, por assim dizer, uma vida dupla . Não se compara ao que vivo hoje em dia (ou sim?). Tirem suas próprias conclusões.
Pelo que lembro, sempre tive o mesmo tipo de temperamento, pelo menos desde o início da adolescência (bom, pelo menos tecnicamente, pois penso que a minha adolescência “psíquica” foi um tanto mais tardia). Essa constância de temperamento não necessariamente traduziu em constância na minha vida social. Acontece que sempre dividi as coisas: na escola eu era uma pessoa; em casa, outra . Na escola eu era sempre mais sério, concentrado, austero . Já sabia o que queria e esforçaria-me para conseguir, visto as dificuldades de se estudar em escola pública (boa, mas pública). Em casa, alguém muito mais extrovertido, brincalhão, até sarcástico, quase o oposto da escola . Mas, ainda assim, sem grandes diferenças. Continuava concentrado e perseguindo objetivos. E até que eu tinha facilidade de relacionar-me com o pessoal, e isso rendeu-me certa popularidade. E a vontade de vencer contagiava colegas e professores, o que resultou em boas amizades.
Separação ...
Ignorando alguns episódios decisivos, consegui o que queria ao final da escola . Isso significava uma mudança de vida, de mentalidade e, infelizmente, de pessoas com as quais iria conviver.
A faculdade pode ser boa ou ruim. Para mim foi uma droga! Ambiente competitivo demais, pessoas frescas demais, nunca vi tanta gente da elite social concentrada por metro quadrado! Difícil adaptação; reação de defesa automática: fechei. Agora sim, uma vida dupla! (...ou ainda não?). O garoto austero e de poucas palavras da faculdade, impopular (fazer o quê?), e que evitava todo o tipo de contato físico com quem quer que seja (tá certo, exagerei, mas não pude fazer melhor). O menino de casa era o mesmo . Ah, sim, e ainda tem o “eu” dos finais-de-semana! Depois de tanto tempo estudando até “dormindo”, nada melhor que folga! Eu tinha uma galera diferente, de sair pela cidade, e meu temperamento parecia bastante com o de casa . Aí eu puxava as meninas para dançar, acariciava, andava de mãos dadas. Menos com os garotos.
Eu ainda não conhecia a “vida bandida”.
Interessante essa de parecer ter duas personalidades. Só parecia, nunca tive problemas com isso . Um amigo meu da faculdade chegou a cruzar a fronteira e conviveu comigo a ponto de testemunhar essa minha dualidade. “Quem te viu, quem te vê?”. “Por quê?”. “Porque quem te conhece na faculdade, nem imagina como realmente és!”. "Pois é, trabalho é trabalho, lazer é lazer.". Dias bacanas aqueles...
Até aí, tudo bem. Contudo, chega uma hora em que a curiosidade e impulsos tornam-se conflitos, e problemas adicionais ajudam a tomar uma decisão ...

Quinta-feira 12!

Parece que os efeitos da sexta-feira 13 fizeram-se presentes com antecedência! Estava escrevendo um comentário agradecendo a visita no meu... e, deu pau no Blogger! E quase perco o post acima! Chuta!

Comentário metalingüístico inútil: este blog está intimista ... Eita!

terça-feira, outubro 10, 2006

Uma única vida vivida de várias formas

Agora vi o eco que criei ao escrever o título. O eco é um vício de linguagem irritante.
Irritante...
Assim como sinto-me às vezes, a forma como levo minha vida.
Não é de hoje que vejo as coisas dessa forma, mas também não é muito antes que "ontem"...
Gostaria de contar para eles como eu me sinto, como esse ano foi alegre demais, como fico às vezes terrivelmente confuso, como outras vezes surpreendo-me ao encarar a mim mesmo com muita naturalidade... mas não posso.
É uma outra realidade, um "submundo" dentro do meu mundo, ou talvez este mundo seja o submundo, e o "submundo" minha verdadeira realidade.
Onde estão as pessoas próximas com as quais posso confiar? Cadê meus "amigos"? Estão ali, bem próximos; contudo, não podem compreender-me. Vão dizer que sou como aquele conhecido tal, ou como aparece na televisão.
Mas eu não sou como o conhecido, nem como na televisão, cinema ou onde quer que seja. Já passei por situações suficientes para tirar essas conclusões. Ou talvez eu não conheça todos os "conhecidos", ou tenha assistido muito pouco televisão.
Machuca-me a idéia de que eles podem machucar-me, de que posso detestá-los por colocarem-me um rótulo impróprio.
Pode até parecer que eu escolhi ser (ou estar) assim, mas a coisa é muito mais complexa, mais profunda. A origem de tudo isso ignoro completamente. Eu apenas adiei o suficiente, o que, um dia, mais cedo ou mais tarde, quereria experimentar.
Só não posso queixar-me de não ter com quem dividir minhas alegrias "secretas". Posso não ter vários amigos, mas eu tenho um melhor amigo, muito especial. Explico:

MEU MELHOR AMIGO É O MEU AMOR.

O chato é viver uma das maiores alegrias do mundo, e não poder sair contando por aí, e o pior: principalmente para as pessoas queridas, pelas quais se tem consideração.
Eu sei que isso é só da nossa conta, de mais ninguém. Que divulgar o fato pode atrair dificuldades (tenho neura com essa história de que ninguém pode ver uma boa amizade, ou namoro, que já vai procurando problemas).
Ainda assim não há mais alguém para que eu possa contar dessa minha alegria. Enquanto isso, tenho que guardar todas minha alegrias, momentos, descobertas, comigo, numa verdadeira vida de ostracismo...

É irritante estar alegre e ter que agir como se eu não estivesse!

PS.: Essa história de vida dupla, tripla, fica pra próxima.