Depois da minha primeira experiência passaram mais de seis meses até que eu procurasse novamente outra aventura homossexual. Era fácil manter-me assim, já que eu não tinha amigos gays. De fato, não havia mais nenhum melhor amigo, como escrevera em post anterior.
Foi bom passar um tempo dedicando-me somente aos estudos. O ano letivo que se seguira fora um inferno acadêmico! Que era aquilo, meu? Quanto mais se estudava, mais havia para estudar, e o tempo era minguado demais!
Para piorar, minha consciência estava para me matar! Aconteceu que quando transei com o vendedor da loja, não usara camisinha. Ele até falou: "Não se preocupe, sou doador de sangue e não uso drogas." Mesmo assim fiquei preocupado com minha irresponsabilidade. Os meses em que eu esperei para fazer o exame não passavam! Depois do tempo da que é conhecida como "janela imunológica", fui. Estava tudo bem! Ufa! Mas até hoje sou meio paranóico com isso e desde então uso preservativos direto!
Voltando ao que eu contava...
Como era de se esperar, não foi um ano muito intenso. (Ah, quem tô querendo enganar!) Tudo bem, deu tempo para estudar, quebrar a cara nas provas, conseguir nota melhor para evitar a reprovação e descobrir mais fatos sobre eu mesmo.
As chances de que o acontecido repetisse eram remotas. Então parti para outros meios: "chat" de celular (isso é horrível, não recomendo), e internet. Pelo celular só conheci gente que ajudou-me a enxergar as coisas mais claramente. Não rolava nada, e isso era bom no momento. Eu nunca havia gostado de ninguém, menino ou menina, e eu procurava dificultar isso. Descobri que eu poderia ser muito seguro e discreto, já que antes eu era muito nervoso; e que eu poderia ser bem direto e convecer os caras que ia conhecendo das minhas intenções.
As pessoas que passaram na minha vida adicionaram muito, principalmente em relação a como eu via a mim mesmo. Não que eu falasse de mim, detestava isso. Mas só o fato de conversar com outros caras sabendo que algo poderia rolar ali mudou a forma como eu via a mim mesmo de um jeito impressionante!
Demorou até que eu usasse a internet. Afinal, gastar meu parco dinheiro em cyber para outras coisas que não pesquisar para trabalhos era um desperdício. Bom, isso até eu convencer-me que poderia dedicar alguns minutos nos fins-de-semana.
Descobri pela internet um pouco dos lados colorido e cinzento do mundo gay, através de relatos. Vi como todos sofriam com isto como eu, e como os "finais" podem ser bastante diferentes, assim como as pessoas. E conheci algumas outras pessoas. No final acabei conhecendo mesmo poucos. Acabei saindo com um. Era bem melhor que o primeiro de cabeça. Era inteligente e ambicioso. Digo, não que ele quisesse algo grande, mas era grande o suficiente em sua desejada carreira.
Não sei dizer se namoramos. Àquela altura eu havia chegado à conclusão de que se eu conhecesse poucos caras como eu, seria mais seguro, mais difícil de outros descobrirem. Por outro lado, eu já estava mais "atirado" e dava em cima mesmo do cara. E outra: queria sentir na pele se existia estabilidade em um relacionamento com outro homem. Sem falar do meu medo enorme de contrair alguma doença.
Não deu tempo de descobrir. Apesar de ele ser do tipo "para namorar", de alguma forma a gente não dava certo. Não havia cumplicidade. Não deu certo.
Eu poderia não ter amigos, mas naquele ano pude ter bons colegas, gente muito boa com a qual tive a chance de aproximar-me. Gente que se estimulava a estudar mais e melhor. Poderiam ser ótimos amigos. E minha família agüentou meus "estresses" e até quando achei que não conseguiria mais na faculdade. Mas, se o preço a pagar para ter uma vida boa com essas pessoas era manter escondido meu outro lado, então estava disposto a isto.
Não consigo mesmo exercer minha capacidade de síntese!
Mas nem sei se tem jeito, ainda. E ainda adicionei a parte sobre o preservativo, graças ao ToLegal, que veio por aqui e, ao ler um post dele, tive a certeza da importância deste assunto.
Galera, protejam-se sempre!