sábado, outubro 21, 2006

O acaso existe?

"Assim é o homem. Busca seu par - amoroso, toxicômano, homossexual - conforme suas necessidades, seus anseios, seus planos. E a busca é totalmente inconsciente. E com isso vai condicionando os acontecimentos. Porque tudo existe na vida, ao nosso redor, à nossa disposição, havendo pessoas que nós nem notamos e muito menos nos unimos a elas, pessoas que nos passas completamente despercebidas; e outras que para nós ganham significação logo aos primeiros contatos. Somos permanentes selecionadores, ainda que sem consciência disso. Seletivamente vamos urdindo nosso mundo presente e futuro, nosso mundo povoado de gente e de valores, bem como o nosso ambiente físico também. Condicionamos, assim, uma vida insalubre, freqüentamos gente e lugares morbígenos. Engedramos em nós mesmos rotinas que danificam nossas vidas. E - felizmente! - também freqüentamos gente e ambientes sadios. A predominância, a proporção de uma e outra direção, sempre com características próprias, com arranjos eminentemente pessoais, varia para cada ser humano".
(PERESTRELLO. A Medicina da Pessoa. 1989:73)


Eu achava esse texto uma baboseira. Até que certos fatos não mais o tirou da minha cabeça.


Foi numa loja de uma rua movimentada da cidade. Eu havia ido lá umas três vezes em dez dias já que eu estava comprando freqüentemente coisas novas para mim. E também não havia deixado de notar um atendente bonito que trabalhava por lá. Eu nunca havia falado com ele, só olhado. E olhar não fazia mal, pensava. Afinal de contas, eu já tinha decido a fazer o que me desse vontade, e eu tinha vontade de olhar.
O cara era realmente atraente para mim. Era mais velho, o quanto eu não sabia. Tudo que lembro até então eram trocas de olhares acidentais, sem fitar ou interesses confessos.
Só que eu não era o único a olhar. Um dia o cara inevitavelmente foi atender-me. Eu não fazia questão, nada fazia com que algo pudesse sair dali. Engano meu. Fiz perguntas sobre o preço do produto e agradeci com um sorriso gentil. Ele segurou-me pelo braço: "Você não quer fazer um cadastro promocional?". Eu não esperava por aquilo. "Tá, tudo bem." À medida que ele ia preenchendo o cadastro, fazia comentários: "Você torce pra esse time? Legal." "Puxa, você mora neste mesmo bairro." Até que: "Você vem sempre por aqui, né? Eu sempre te vejo comprando aqui." "Sempre?!", eu pensei, mas respondi: "É... eu compro aqui." Eu já estava desconfiado, fiquei até com medo do cara ser de uma quadrilha de assaltantes! Ele disse: "Aparece nos dias tais, para saber da promoção". Eu: "Tá certo. Obrigado".
Saindo de lá, perguntei a mim mesmo: "Será?" Meu radar estava novinho em folha, eu não tinha certeza do que havia acontecido ali. O cara nunca me pegou olhando pra ele e vice-versa. Nem eu notara ninguém que percebera. Se existia um cara discreto e medroso, era eu. E então, o que era aquilo? Só uma forma de saber: era a minha vez!

Continua.

2 Comments:

At 23 outubro, 2006 15:47, Blogger Blog Jotha Design said...

Ebaaaa, ja vi que vem otima historia ae, to ancioso.

bçao
Ah, e preciso da sua ajuda, leia meu post, vlw

 
At 24 outubro, 2006 08:37, Anonymous Anônimo said...

maravilha esse blog! continua que estou muito curioso!

 

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