domingo, janeiro 21, 2007

Cativar

- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços...".
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
(...)
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa.
(...)
- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa (...).
(...)
- É preciso ritos.
(...)
- Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.



Penso já ter cativado e ter sido cativado.
É uma grande responsabilidade!
Quem dera todos pensassem assim. Saber que o que se faz para outras pessoas tem conseqüências permanentes. E que, se conquistou alguém, não se pode simplesmente largá-la sem consideração.
Às vezes penso ter tantas responsabilidades para com meus queridos que chega a ser exagero. E que, por este exagero, larguem-me e esqueçam que também fui cativado.
E se isso acontecer?
Pelo menos terei experimentado o significado do verbo cativar, mesmo que não haja ninguém responsável por mim.


- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.

(Trechos de "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry)

sábado, janeiro 13, 2007

Mudanças

É possível alguém mudar bastante em um ano? Ou até em menos que isso?
Talvez dependa da concentração de situações de impacto vividas (conheço alguém que o diga!).
Sinto-me um tanto mudado, nem tanto exteriormente, mas na forma como encaro minha vida e o mundo.
Aconteceram tantas coisas em tão pouco tempo! Precisei tomar iniciativas, testar minhas habilidades até o limite, encarar situações completamente novas, tomar atitudes várias sem hesitação, reagir com elegância à traição (não é no namoro, hehe!), e encarar o inimigo sem baixar a cabeça. E tudo isso sem ter a quem desabafar ou pedir conselhos.
Isso me ajudou muito. Experiências para se levar a vida toda. E, além de tudo, descobrir que posso ter atitudes inesperadas a situações novas e extremas...
Eu não tive medo!
Por outro lado, muito houve que me tirasse o pouco de fé que tenho nas pessoas. Mesquinharia, rivalidade, inimizade... E tudo isso tentando-me a ter medo de ser eu mesmo, aquele que procura aprender e ajudar, não para exaltar-se, e sim para poder dormir tranqüilo sem a culpa de ter feito mal a alguém. Talvez as pessoas não mereçam nenhum tipo de consideração.
Afinal de contas, o que passei mudou-me para melhor ou para pior?
"Examinai tudo; retende o que é bom" (S. Paulo)
Será que tudo depende do rumo que procuro para a minha vida?
Mas eu sei o que quero. Procuro lutar por isso todos os dias. Não mais jogar fora as oportunidades e sim fazer acontecer! Ou será que ainda sou uma criança tola, mimada e teimosa, que faz as mesmas coisas só por comodidade, ou medo?
Não sei. Esta é a dualidade da vida.
Sinto que ainda estou em construção...
Fala-se que somos aquilo que pensamos. Então serei aquilo que penso que serei... Quero ser eu, e não um produto da influência de qualquer grupo que seja, mesmo o profissional. Quero tomar iniciativas e resolver problemas. Poder fazer o possível pelos outros, e mesmo que o resultado não seja bom, colocar a cabeça no travesseiro com a sensação de missão cumprida. Enfrentar meus inimigos sem ser como eles. Quero conduzir minha própria vida ignorando a opinião dos outros e sem dar satisfações a ninguém.
Contudo, ainda estou desanimado e perplexo com as dificuldades encontradas. Sinto-me fraco e inseguro. Mas a vida continua, deixando os percalsos para trás.
E depois, quem serei?
Não quero ter medo.